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CÁPSULAS PARA QUEIMAR GORDURA NÃO TÊM COMPROVAÇÃO


Febre em academias, suplementos prometem até ‘afinar a cintura’.
Segundo Anvisa, produtos não podem alegar propriedades funcionais.
Na guerra contra a balança, suplementos alimentares que prometem queimar gordurinhas e afinar a cintura são hoje febre nas academias. Mas todo cuidado é pouco na hora de buscar atalhos rumo ao corpo ideal. Enquanto substâncias como o Ácido Linoleico Conjugado (CLA) estão proibidas pela Anvisa desde 2007, produtos a base de óleo de cártamo prome-tem eliminar progressivamente a gordura. Segundo especialistas, no entanto, não há com-provação científica desses efeitos.

“A cada ano aparecem dez produtos que prometem ajudar no emagrecimento. É tudo explo-ração dessa busca de alguma solução para o problema do peso”, explica o endocrinologista Walmir Coutinho, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia.

“Não há estudo que comprove que queime gordura. Isso já é exploração ao consumidor, vendem para pessoas desavisadas”, completou.

Ainda segundo o médico, apesar de não haver prejuízos à saúde – dependendo, é claro, da quantidade ingerida – o principal dano é o fato de a pessoa consumir um produto pensando, em vão, que ele a ajudará a emagrecer.

Em lojas especializadas na venda de suplementos, a procura é grande e o preço, salgado. Entre os produtos nas prateleiras está o Linolen, da Nutrilatina, que em Copacabana, na Zo-na Sul do Rio, um vendedor afirmava na última quarta-feira (10) estar com “preço bom”, entre R$ 99 e R$ 112. “Para emagrecer, é um dos que mais sai”, dizia.

Promessa de emagrecer pode gerar multa, diz Anvisa
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o produto de fato tem regis-tro, mas na categoria de “Novos alimentos ou ingredientes”. Ainda segundo a agência, o produto não pode fazer nenhuma alegação de propriedade funcional ou para saúde, como, por exemplo, o auxílio no emagrecimento, por não haver comprovação científica.

Caso isso ocorra, esse tipo de “promessa” é considerada uma infração sanitária, com pena que vai de uma simples advertência ou notificação a multas de até R$ 1,5 milhão.
Em seu site, a Nutrilatina diz que o Linolen é a "solução tecnológica para redução da circun-ferência da cintura" (Foto: Reprodução/internet)
Em seu site oficial, a Nutrilatina descreve que os “os bioativos de Linolen atuam diretamen-te na redução de gorduras, acelerando a perda de peso e auxiliando na definição de grupos musculares”. O produto é apresentado ainda como “a solução tecnológica para redução da circunferência da cintura, através da eliminação progressiva da gordura”.

Procurada pelo G1, a empresa alega, em nota, que “a Nutrilatina prima pela excelência na criação e veiculação das peças publicitárias, no sentido de estar sempre em consonância com a legislação aplicável, assim como de fornecer elementos para subsidiar a regulamentação do respectivo mercado”. A empresa informa ainda que investe significativa parcela de sua receita em pesquisa e desenvolvimento.

CLA é proibido desde 2007
De acordo com a Anvisa, o óleo de cártamo é uma matéria-prima usada para produção sinté-tica do ácido linoleico conjugado (CLA), devido à quantidade elevada de ácido linoléico (ômega 6). O CLA, no entanto, é uma substância não permitida na área de alimentos da An-visa, por não haver comprovação da segurança de seu uso, além de sua eficácia. A apreensão de todos os lotes de produtos à base de CLA foi determinada em 28 de março de 2007, pela Resolução nº 833.

Para conseguir registro junto à Anvisa, o óleo de cártamo deve apresentar um laudo que comprove que o CLA não foi adicionado, produzido ou concentrado durante o processamen-to do óleo.

O professor de musculação Affonso Montenegro orienta suas alunas a não tomar produtos que prometem emagrecer Foto Daniella Clark
Entre os fatores que levaram a Anvisa a proibir sua comercialização estão evidências cientí-ficas de que a suplementação com CLA pode causar efeitos adversos, como aumento do fígado.

Endrocrinologista alerta que não há milagre
O endocrinologista Walmir Coutinho alerta que ainda não há milagre quando o assunto é emagrecer. Segundo ele, os remédios e suplementos devem ser usados dentro de um trata-mento, sempre receitados por médicos e nutricionistas.
“Os remédios que temos hoje ajudam a pessoa a comer menos e a bloquear a absorção de gordura. O que a pessoa precisa para emagrecer é um tratamento como um todo”, explica.

O professor de musculação Affonso Montenegro também faz coro contra o uso de suple-mentos:

“O custo-benefício de certos remédios não é bom. A gente orienta as alunas a não tomar”, diz.